À conversa com: Vestidus – vestidos de noiva
E hoje conversamos com a Sara Silva, da Vestidus, a melhor loja de vestidos de noiva multimarca em Lisboa.
Da primeira vez que nos encontrámos, quando fiz uma visita à Vestidus, ainda na morada de Carnide, ficámos toda a manhã a conversar: foi óptimo, foi interessante e criámos uma ligação desde esse primeiro momento.
Sempre que o tempo de ambas nos permite, sentamo-nos para mais umas horas de conversa boa – e falamos muito sobre o mercado, os desafios, ideias que queremos discutir, testar, pôr em prática, o que nos gasta e o que nos entusiasma. Aprendo sempre coisas novas, aproveito para ver a colecção de vestidos de noiva que a Vestidus traz para a estação e namoro os meus favoritos. O tempo parece sempre curto!
No início do ano, decidimos premiar dois conjuntos restritos de fornecedores: os mais antigos, connosco há mais de 5 anos, e aqueles com quem é, genuinamente, um prazer trabalhar, porque são dinâmicos, inquietos, desafiantes. A Vestidus foi uma das nossas três escolhas, sob o mote “it’s a pleasure doing business with you!”. As razões deste prémio são óbvias, e é sempre um prazer conversar com a Sara!
Da hotelaria para a moda e mercado de casamento, com um pé em psicologia. Como fizeste este percurso?
Acho que se pode dizer que sou desassossegada. Não sou pessoa de ficar à espera que as coisas aconteçam. Não me sentia realizada em hotelaria. Apesar do contacto diário com pessoas, que é algo que me continua a fascinar, o não poder desenvolver a minha vertente mais criativa e não ter autonomia e poder de decisão na maioria das tarefas que realizava, acabou por ser decisivo na altura de dar o salto e criar a minha própria empresa. Tinha acabado de casar e toda a experiência da escolha do vestido de noiva me fez pensar o que eu poderia fazer de diferente, se fosse eu a acompanhar o processo de escolha do vestido. Do atendimento, até às marcas, aos tamanhos disponíveis, criei toda uma ideia do que eu faria de diferente e lancei-me ao desafio de criar a Vestidus. Um desafio que já dura 9 anos. A Psicologia acaba por ser algo que vejo como complemento da minha vida pessoal e que sem dúvida, é uma mais valia profissionalmente.
Passas o teu dia rodeada de vestidos de renda, mikado, tule e brilhantes, como se vivesses dentro de um sonho! Quais são os teus favoritos para este ano?
Curiosamente os mais simples. No meio do brilho e do drama dos folhos e tules, acabo sempre por me apaixonar pelos modelos mais simples. O meu preferido deste ano é todo em renda, a lembrar um bordado inglês, como os vestidinhos que eu tinha em criança. As costas abertas e o bolsos dão-lhe o toque sensual e descontraído, que me encanta nos vestidos de noiva.
O vestido de noiva define o tom da festa ou é a festa que define o vestido de noiva?
Acho que a festa define o vestido de noiva, mas como em tudo na vida, há excepções. Tenho noivas que querem um vestido princesa, clássico para um casamento na praia. Tenho outras que querem um modelo mais simples, de inspiração boho para uma grande cerimonia religiosa. Acho que na escolha do vestido de noiva como em tudo no casamento, deve prevalecer o bom senso. É nosso dever, como consultores, aconselhar e informar quais as melhores opções e o que é mais adequado. Mas a decisão final é sempre da noiva.
Um modelo de vestido para cada tipo de corpo. Estas regras são absolutas ou há espaço para surpresas?
Não acredito em regras absolutas e redutoras que ditam o que uma noiva deve ou não vestir. É isso que procuro transmitir quando recebo uma noiva no atelier com ideias já feitas e limitadas, sobre o que não pode vestir, porque ouviu falar ou leu numa revista ou blog. O que eu digo sempre? Experimentem! Vejam-se ao espelho! Os cortes são diferentes mesmo em vestidos que parecem semelhantes. Um caso típico é o cai-cai em clientes com peito grande. Não é inédito termos noivas que se sentem melhor em modelos cai-cai direitos (porque a estrutura do vestido dá mais suporte nessa área e não é tão revelador), do que em decotes em V, muitas vezes ditos como o ideal para quem tem peito grande.
As tendências da estação são importantes ou os vestidos de noiva são intemporais? Têm influência na decisão de compra?
Sem dúvida que as tendências são marcos que identificam uma época. Quem não se lembra dos vestidos de noiva com manga de balão nos anos 80, cheios de volume e drama. A moda e as tendências influenciam quem se deixa influenciar e essa é a beleza do meu trabalho. Cada noiva deveria ditar as suas próprias regras. Uma noiva mais fashionista poderá sentir-se mais influenciada pelas tendências e escolher um vestido de corte mais moderno, porque essa é a sua personalidade. O vestido de noiva deveria ser um reflexo da personalidade da noiva que o veste. E quando isso acontece vemos um outro brilho na pessoa.
O vestido de noiva deveria ser um reflexo da personalidade da noiva que o veste. E quando isso acontece vemos um outro brilho na pessoa.
Não sinto que haja uma preocupação excessiva para seguir a tendência. As noivas querem acima de tudo que o seu dia seja único, feito à sua imagem. E isso reflete-se na escolha do vestido, seja ele mais arrojado ou clássico.
Onde buscas inspiração para o teu trabalho?
As viagens de trabalho para conhecer coleções, desfiles, reuniões com fornecedores são muito importantes. Mas não faço delas a fonte principal de inspiração para o meu trabalho. Todos os dias, as noivas que recebemos são a grande fonte de inspiração. Pode parecer cliché, mas são elas as grandes scouts da Vestidus. Conhecem as marcas, seguem o mercado. As redes sociais estão repletas de informação sobre os vestidos e designers que as noivas seguem. O estar próximo das suas opiniões e escolhas inspira-me a caminhar nesse sentido.
E nos momentos de fadiga criativa, como refrescas a mente e o espírito?
Tenho os meus mentores, no Reino Unido e EUA, pessoas que admiro no mercado de casamentos e que vou seguindo os seus posts e videos online. O que mais admiro é a forma descontraída como partilham o que correu bem e não têm medo ou preconceito em dizer o que correu mal. O seu público são outras lojas, outros empresários no mercado de casamento, a chamada “concorrência”, mas a maturidade com que trabalham todos, como partilham experiências para um bem comum, o de serem melhores, inspira-me. É uma realidade que gostaria de ver em Portugal.
Na Vestidus, o atendimento ao público é feito por marcação: como crias uma ligação com as tuas clientes?
A ligação faz-se ainda antes da visita. Temos uma presença muito forte nas redes sociais o que exige um esforço adicional da minha parte para manter o contacto, responder a questões, colocar informações que sejam de valor para quem nos segue. Vivemos num mundo tão cheio de estímulos, tudo acontece e estamos no meio de tudo. Para quem está noivo e a preparar um casamento, é fácil sentir a pressão e ficar perdido no meio de toda a informação. Procuro facilitar esse processo a quem nos visita, seja através da marcação ou no acompanhamento em loja. A ligação acaba por acontecer, não só comigo mas com outros elementos da equipa. Estamos quase um ano inteiro a acompanhar as noivas, desde a escolha do vestido na primeira visita, ao nervosismo das provas e ao grande dia da entrega, quando levam o vestido de noiva para casa. Somos cúmplices de uma história de amor. Ficamos felizes por ver as fotos que nos enviam, do dia do casamento, de como o noivo segredou “estás linda!”, de como o dia passou rápido.
Aconselhas nesta decisão que é tão importante a nível emocional e financeiro. O que mais gostas neste processo? E o que consideras ser mais desafiante e difícil?
O que mais gosto é do processo de escolha do vestido. Quando recebo uma noiva e acabo por perceber de imediato o que ela gosta, o que procura. É muito gratificante quando dás uma sugestão que vai contra tudo o que a noiva pensou e acaba por ficar rendida quando o veste. Não é algo que aconteça todos os dias. Mas é sempre uma situação muito especial. Mais desafiante e dificil é gerir todas as emoções ligadas ao processo. Porque acaba por não ser apenas as emoções da noiva, mas da mãe, da madrinha, da irmã mais velha que gostava de ter casado, daquela amiga que já casou e se considera uma autoridade na escolha do vestido de noiva. É dificil gerir o processo, em especial quando vejo um desrespeito total pela noiva, pelo que ela gosta, pelo que quer usar no casamento. Felizmente não são situações que aconteçam todos os dias, mas não deixa de ser um desafio conseguir gerir toda essa carga negativa para uma ocasião que se deseja que seja leve e feliz.
És certamente uma geradora de emoções fortes, já que causas e assistes a este processo que transforma uma mulher comum no seu sonho de noiva. Sentes esse poder?
Sinto, mas procuro passar esse poder para as noivas. As sugestões que dou vão sempre ao encontro do que acho ser melhor para a noiva, seja a nível do corte, orçamento, nunca descurando o seu gosto pessoal. Não gosto de ser demasiado intensa ou protoganizar demasiado a prova. Não sou eu a estrela. A pressão da escolha é já de si dificil com opinião de terceiros, família e amigas bem intencionadas, mas que na maioria das vezes dão opinião com base no seu gosto pessoal, naquilo que escolheriam para si e não para o que é melhor para a sua filha, afilhada ou amiga. Procuro ser moderadora. Acho que o papel de uma consultora, designer, wedding planner ou qualquer outro profissional de casamento deveria passar também por ser o de conselheiro e de moderador, para que as noivas possam fazer uma escolha acertada.
Procuro ser moderadora. Acho que o papel de uma consultora, designer, wedding planner ou qualquer outro profissional de casamento deveria passar também por ser o de conselheiro e de moderador, para que as noivas possam fazer uma escolha acertada.
O que vestirias, se te casasses? E quem gostarias de vestir?
Apesar de estar casada, fazer uma cerimónia na praia, num refúgio a dois, continua a ser o palco dos meus sonhos. O vestido seria longo, leve, com um detalhes em renda, num estilo muito boho, descontraído, que me permitisse ser eu, fugir para as ondas, andar pela ilha de Vespa (sim, tem de ser numa ilha!), que me fizesse sentir linda, mas uma beleza natural, suave. O vestido de noiva deve ser uma segunda pele, não uma máscara que colocamos num dia que se quer muito especial. Seria assim o meu vestido.
Quem eu gostaria de vestir? Elie Saab!
Os contactos detalhados da Vestidus estão na sua ficha de fornecedor. Espreitem a galeria, com a colecção de vestidos de noiva para 2017, e contactem directamente a Sara Silva através do formulário: é só preencher com os vossos dados e mensagem, e na volta do correio, terão uma resposta simpática.
Acompanhem estas nossas conversas longas com fornecedores seleccionados Simplesmente Branco, sempre à quarta-feira!
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