À conversa com: Bouquet de Liz – decoração floral para casamentos
Hoje conversamos com a Rosário Pinho, da Bouquet de Liz, decoração floral para casamentos. É uma conversa feita de nuances poéticas, inspiração e memórias pessoais. Uma bela conversa, portanto, que reflecte a visão da Rosário sobre o seu negócio e a forma como traz um assunto que lhe é tão querido e pessoal, as flores, para junto dos seus clientes, os noivos, como forma de expressão criativa.
Eu e a Rosário ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas depois desta entrevista, tenho imensa vontade de me sentar com ela para um chá e vê-la criar um belo bouquet de noiva.
Tenho a certeza de que vocês também!
Na época em que vivemos a evolução da ciência na produção agrícola e a maior rapidez nos transportes internacionais permite termos praticamente qualquer flor em qualquer época do ano. Mas já provaram morangos em dezembro e em abril? O sabor nunca será o mesmo. Nas flores também é assim. Tento sempre explicar isto, mas em última análise se só gostarmos de morangos e for dezembro, tentarei descobrir os mais saborosos…
Como começou o projecto Bouquet de Liz?
É uma herança da minha mãe. Sempre adorou flores e decoração. Era proprietária de uma loja de móveis relativamente grande. Eu cresci com o cheiro a verniz e a cera. O deslumbre pelas formas, pela magia de tornar um pedaço de madeira numa peça de mobiliário. Para mim a arte, era aquilo. A minha mãe estava sozinha e a determinada altura tornou-se difícil continuar. Um dia disse-me que ia arriscar, que queria fazer das flores o mundo dela. Então, em 2000, tornámos esse hobby numa profissão. Fez várias formações, wokshops e mais tarde passou também a dar formação. Sendo eu filha única e com a morte do meu pai em miúda, éramos inseparáveis. Acompanhava-a a todas as formações, exposições, fornecedores. Nasceu uma paixão que continua a crescer. Enquanto estudava, trabalhava no mundo encantado das flores. Mais tarde, quando terminei a licenciatura, tive outra profissão mas que conjuguei sempre com os casamentos ao fim-de-semana. Um dia, por razões menos boas, tive que decidir, abandonei a outra profissão e abracei este projeto.
Chama-se Bouquet de Liz, porque a flor de Liz era a preferida da minha mãe. Este projeto continua sempre com ela, ainda que apenas dentro do meu coração.
Como define a sua assinatura?
Gosto de flores. Estou sempre aberta a novas propostas e desafios. Se tenho alguma característica particular, não sei traduzir em palavras. O amor não se explica. A minha relação com as flores também não.
Esse estilo faz parte do ADN da marca ou é um conceito que escolhe para explorar e trabalhar este ano? Porquê?
Procuro sempre mais. Procuro explorar novos caminhos, novas formas de contruir uma composição floral. Procuro aprender sempre mais e sei que nunca saberei o suficiente. Viajo sempre que posso e sempre que viajo tento trabalhar com flores, qualquer que seja o país. Gosto de um arranjo simétrico e carregado de flores e gosto de Ikebana. Gosto de arranjos contemporâneos, que obedecem quase a uma geometria e gosto de um molho de margaridas que apanhei no campo e amarrei com um fio de corda. O bom de trabalhar com flores também é isso, poder explorar caminhos diferentes em cada projeto. Honestamente, só me interessa que os meus noivos sejam felizes, e se o forem com o meu trabalho, o meu dia valeu a pena.
As tendências da estação… são um assunto de trabalho ou apenas fait divers?
Leio, informo-me, procuro. Tento perceber toda a dinâmica da tendência da estação nos diferentes universos… na moda, na decoração, na pintura…Não acho que seja um fait divers e é preciso estar atento a todo um conjunto de criativos que lança tendências e cria “moda”.
Mas depois não há dois casais iguais, por isso as tendências que são válidas para uns são um disparate para outros. Atualizo materiais e invisto muito nessa procura, mas essa não será nunca a minha premissa nem o início de uma conversa.
E as estações do ano, o ritmo e produção de cada época, são influências, contingências ou indiferenças nestes tempos globais?
Na época em que vivemos a evolução da ciência na produção agrícola e a maior rapidez nos transportes internacionais permite termos praticamente qualquer flor em qualquer época do ano. Mas já provaram morangos em dezembro e em abril? O sabor nunca será o mesmo. Nas flores também é assim. Tento sempre explicar isto, mas em última análise se só gostarmos de morangos e for dezembro, tentarei descobrir os mais saborosos…
Tem espécies favoritas ou a beleza e potencial são características transversais a todas as flores e plantas?
Não consigo selecionar uma favorita. Não consigo mesmo! Para cada contexto existe sempre uma seleção mais válida, claro. Nesse contexto, a seleção das flores, das cores, é muito importante e adoro fazê-lo. Mas para trabalhos pessoais, por exemplo, sempre que estou num fornecedor, pareço uma criança numa loja de doces.
Ter o controle das decisões é importante? Tem uma perspectiva perfeccionista e específica sobre o resultado e a forma como quer que o seu trabalho seja mostrado e vivido, ou é o prazer de discutir ideias, de criar e acompanhar o processo, que lhe interessa mais na relação com cada projecto, cada cliente?
Não posso ser presunçosa e acreditar que a minha perspetiva é mais válida que a das pessoas que me procuram. Se assim fosse, o processo criativo era muito limitado. Aprendo imenso com os noivos. É da partilha de ideias, do ouvir o outro, que nasce um projeto.
Isso não invalida que seja executado com o melhor que sei, com o contributo que cada profissional da minha equipa tem para dar, com exigência e perfeccionismo.
Existem fórmulas vencedoras que aplica, ou cada projecto de decoração floral é pensado totalmente de raiz?
Se há fórmulas mágicas e vencedoras, na arte ou na vida, eu não as conheço. Existem naturalmente conceitos básicos para ambos. As emoções dos noivos, dos pais, das irmãs… também fazem parte do nosso trabalho e isso não obedece a fórmulas. Por isso, cada projeto é único.
Onde busca inspiração para cada nova temporada de trabalho?
Em tudo. Tudo mesmo! Mas se existe alguma coisa que me faça mais feliz que trabalhar, é viajar. Talvez essa seja a minha maior fonte de inspiração. Mas também o trabalho de colegas, de profissionais que admiro, de feiras nacionais e internacionais, de blogs e livros da área, de exposições… e do Simplesmente Branco, claro!
E nos momentos de fadiga criativa, como refresca a mente e o olhar?
Admito que às vezes é difícil. Trabalhar para a felicidade dos outros é exigente e não existe espaço para falhas. E isso, por vezes, consome muita energia e vitalidade. Depois lê-se um livro, bebe-se um copo de vinho com bons e velhos amigos e adormece-se a pensar na voz doce da minha mãe. O dia seguinte é de certeza muito melhor.
Como é o seu processo de trabalho, como cria uma ligação com os seus clientes?
Gosto de pessoas. Gosto de falar e partilhar ideias. Ou acontece naturalmente, ou não vale a pena simular simpatias. Se não for possível construir uma relação de empatia e por vezes amizade, então trata-se com respeito, é isso que se pede a um profissional.
Qual é a melhor parte de trabalhar com flores e plantas, em decoração? E o mais desafiante e difícil?
A melhor parte é a criação. Não sei desenhar, com grande pena minha, por isso as flores preenchem a minha necessidade de criar, de contruir coisas com as mãos. De olhar e pensar que fui eu que fiz e que é apreciado. A parte difícil é a volatilidade e a perecibilidade.
Fazer uma composição floral com algumas flores é um desafio. Basta um raio de sol e já não são o que construímos. Têm vida e isso muda tudo. Colocar 20 ou 30 arranjos florais que estejam frescos desde o início ao fim da festa com 30 graus também não é tarefa fácil!
O seu trabalho não se resume a decoração floral. Que outros serviços prestam aos noivos?
Nasceu realmente apenas com flores, no entanto, com o passar do tempo e a entrada do meu marido na empresa, cresceu noutros sentidos. Atualmente fazemos a decoração completa do casamento, desde as flores, mobiliário, iluminação. Temos também vários materiais para alugar. Este ano, criámos um departamento de criação gráfica, que anteriormente fazíamos em regime de outsourcing. O serviço de wedding planner surgiu naturalmente a pedido de várias clientes, que contam com os muitos anos de experiência que temos na área.
Qual foi o casamento em que mais gostou de trabalhar? Porquê?
A empresa fará no dia 14 de fevereiro 19 anos. Não consigo isolar um. Houve muitos momentos bonitos em diferentes casamentos. Já chorei em alguns …
Escolha uma imagem favorita do seu portfolio e conte-nos porquê:
O casamento resume-se a amor, a um noivo que se desmancha em lágrimas quando a noiva chega, a caminhar juntos e a permitirem que façamos parte desse momento.
Escolhi esta foto porque, além do bouquet e da coroa de flores que adoro, simboliza tudo o que disse anteriormente.
Os contactos detalhados da Bouquet de Liz estão na sua ficha de fornecedor. Espreitem a galeria, feita de belos filmes, e contactem a Rosário Pinho, directamente através do formulário: é só preencher com os vossos dados e mensagem, e na volta do correio, terão uma resposta simpática.
Acompanhem estas nossas conversas longas com fornecedores seleccionados Simplesmente Branco, sempre à quarta-feira!
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