À conversa com: Plano A – organização e decoração de casamentos nos Açores
Hoje voamos até aos Açores, para conversar com a dupla Cátia Leandro e João Gomes, da Plano A – organização e decoração de casamentos nos Açores.
Conheci o João e a Cátia no Wedding Lab Rio-Lisboa no Estoril, em 2017. Conversámos um pouco, falámos sobre muitas coisas e posso dizer que a empatia foi mútua e imediata. Fui acompanhando o seu percurso com atenção e vê-los crescer de forma consistente e audaz, no meio do Atlântico, onde os recursos materiais e humanos são mais desafiantes, tem sido um prazer. Há um golpe de asa que os leva sempre mais longe e há também uma postura focada, sensata e profissional. Juntas, esta é a melhor combinação para o sucesso, porque não espera validação de fora, é intrínseca: fazemos assim, porque essa é a nossa forma de estar.
Destination weddings não é uma prática nossa, regressamos a casa para casar, não vamos para de onde não somos.
Mas há uma magia muito própria nesta viagem de amigos e família para celebrar o mais bonito dos dias, temos falado muito nisso ultimamente. Casar nos Açores pode ser o meio-termo perfeito para uma experiência memorável e a Plano A o vosso parceiro mais que perfeito.
A melhor parte é ver tudo pronto, o brilho nos olhos dos noivos e o sorriso estampado no seu rosto. Perceber que fomos, realmente, o melhor investimento daquele casal. O maior desafio é também esse – superar as expectativas.
Contem-nos como começou esta aventura de organização e decoração de casamentos:
A ideia foi minha. Durante a faculdade, eu e umas amigas, colegas de curso, falámos em criar uma empresa de eventos (no 2º ano do curso, penso eu… e até tínhamos nome), mas não passou mesmo disso, de uma ideia…
Já depois de ter regressado à Terceira, um dia veio-me à memória esse projecto antigo de criar uma empresa de eventos e lembrei-me do quanto gostei de ir a um casamento ou dois, enquanto estudei no Estoril. E pensei, “é isto!”.
Contei ao João, que achou muita piada à ideia, estávamos em 2011… O tempo foi passando até que em 2012 o assunto voltou à baila: vamos avançar? E avançámos! Começámos a pensar num nome, numa imagem, a estruturar o site, a criar um email próprio e a definir as nossas ideias para nos podermos orientar. Ainda em 2012, fizémos umas festinhas pequenas para a família, para começarmos a ver algum trabalho. Em Fevereiro de 2013, oferecemo-nos para fazer a decoração das três salas do nosso restaurante preferido na Ilha Terceira. Foi aceite e, a partir daí, nunca mais parámos.
O João foi arrastado para a ideia, para o projeto, mas hoje é o João quem me arrasta diariamente com a sua força de vontade excecional e com a sua visão e foco!
A ideia sempre foi chegar aos casamentos e, cada vez mais, é nisso que trabalhamos, até porque o que estes exigem de nós retira-nos cada vez mais espaço e tempo para trabalharmos em diferentes tipos de eventos.
Organizar um casamento é coordenar tarefas e um orçamento, mas também gerir emoções e expectativas. Um destes lados pesa mais ou no meio está a virtude?
Gerir as expectativas é uma das nossas maiores responsabilidades, quem percorre o processo de organizar casamentos com a frequência com que fazemos vive um pouco de tudo, mas a experiência permite-nos fazer uma leitura do tipo de cliente que temos sentados à nossa frente e afirmar com segurança os caminhos a tomar e aqueles a evitar, para estamos a trabalhar em terra firme, o que é reconfortante. O nosso objectivo é descomplicar e ver o orçamento aplicado em coisas que façam sentido e acrescentem valor, criando assim festas que sejam aquilo que os noivos e convidados são, enquanto pessoas.
Têm uma perspectiva perfeccionista sobre o resultado ou é o prazer de acompanhar o processo que é o factor dominante?
Para mim o acompanhamento de todo o processo é o que me dá mais prazer. Procurar e escolher materiais, contratar fornecedores, fazer encomendas, controlar check-lists, acompanhar equipas, falar com os noivos de uma forma regular, perceber os seus anseios e acalmá-los, ajudá-los a encontrar respostas a questões que vão surgindo pelo caminho. Acredito que este processo é parte fundamental do sucesso do resultado final. Não deixo de ser perfeccionista por isso, muito pelo contrário, é através deste processo que reúno informações e ferramentas que permitem tornar o resultado final (ainda mais) perfeito.
O João, com o tempo, aprendeu a nunca dar nada por garantido, tem uma perspectiva maioritariamente perfeccionista, e só disfruta verdadeiramente da experiência quando tudo termina; até lá há sempre alguma coisa que o preocupa.
Durante os dias que antecedem o casamento, há uma estrutura proposta que parece ser de execução impossível; durante a festa há uma sessão fotográfica que infelizmente se arrasta no tempo, um bar que afinal não serve para o número de convidados; no dia seguinte com o cansaço alguma coisa corre mal e aí os acidentes podem acontecer. É um estado ao qual não consegue fugir (nem quer), até porque os dias que nos correram menos bem nunca se deveram a erros evidentes nem estruturais, aconteceram porque pormenores acabaram por influenciar o decorrer de um dia para o qual tanto trabalhámos.
Têm uma assinatura visível no vosso trabalho, um estilo próprio e favorito, ou o é a voz do cliente que define a totalidade do resultado?
Aqueles que nos procuram, conhecem bem o nosso trabalho, reconhecem facilmente o nosso estilo e é isso que os conquista e faz vir ao nosso encontro. Embora em cada festa apliquemos os gostos e os desejos dos casais, existe sempre um layer próprio do qual não abdicamos; é algo que vem de dentro de nós desde o primeiro dia e que nos tem feito seguir um caminho evolutivo, mas sempre fiel aos nossos princípios.
As tendências da estação… são um assunto de trabalho ou apenas fait-divers?
As tendências fazem-nos evoluir, mas não são a nossa maior preocupação. Para além disso, muitas delas não nos cativam nem cativam os nossos clientes; o importante é criar sempre algo que seja confortável para todos. Para nós é preferível, inclusive, melhorar alguma coisa que já tenha sido feita no passado do que forçar algo que não encaixe, de todo, num determinado trabalho, só porque é tendência. Perceber o contexto e a envolvente em que as coisas vão ser feitas é fundamental; nós estamos nos Açores, toda a natureza que nos envolve tem uma alma e tons próprios. A introdução de tendências tem de ser feita com sensibilidade e critério, para que se enquadre de forma perfeita no nosso ambiente, que é muito próprio.
Como é o vosso processo de trabalho, como criam uma ligação aos vossos clientes?
Há sempre um contacto inicial, que muitas vezes acontece de forma não presencial, em que pedimos aos noivos algumas imagens e traços gerais daquilo que gostavam que fosse a sua festa de casamento; isso ajuda-nos, tanto a nos situarmos em relação à ideia dos noivos, ainda que vaga, como a ter uma estimativa dos valores com os quais vamos trabalhar.
Depois disso, passamos a um contacto mais directo e pessoal, através de reuniões; estas tendem a ser longas pois é importante falar de tudo, até porque não falamos apenas trabalho; é importante percebermos o máximo que nos for possível sobre a história deles. Preferimos até que estas reuniões tenham lugar no seu espaço/casa, pois, por vezes, elementos menos óbvios presentes no seu lar são fundamentais para elevar todo o conceito da festa.
Acontece depois o trabalho de pesquisa, com base naquilo que nos pedem, que é feito por nós os dois em separado; depois disso juntamos as nossas ideias, discutimos, deixamos de parte aquilo que achamos que não interessa ou não se enquadra e trabalhamos o que realmente interessa e faz sentido.
Com base nisso, desenvolvemos uma paleta de cores, um moodboard e, com isso, surge, então, o conceito da festa. Este conceito é trabalhado sob a forma de proposta criativa que funciona como um guião (tanto para os noivos como para nós) e que é usado para orçamentar e gerir todo o projecto.
Onde buscam inspiração para cada nova temporada de trabalho?
O processo de inspiração é contínuo. A inspiração tanto pode surgir de uma pesquisa, como pode ser algo que surge fora do contexto de trabalho. Ou seja, tudo pode servir de inspiração: o que nos rodeia, as pessoas, a vida: a nossa, a da nossa família, a dos nossos casais. As relações, sejam elas pessoais ou profissionais, trazem-nos experiências e vivências únicas e isso, claro, também é inspiração. À terra, seja a uma escala mais global ou a uma escala mais local, às nossas raízes, cultura e tradições. E claro, à Internet, à música, à imagem.
E nos momentos de fadiga criativa, como refrescam a mente e o olhar?
Na Francisca, a nossa filha. É ela que nos inspira e nos dá forças para, todos os dias, continuarmos esta jornada de vida que escolhemos construir.
Qual é a melhor parte de organizar um casamento? E o mais desafiante e difícil?
A melhor parte é ver tudo pronto, o brilho nos olhos dos noivos e o sorriso estampado no seu rosto. Perceber que fomos, realmente, o melhor investimento daquele casal. O maior desafio é também esse – superar as expectativas.
Qual foi o casamento que mais gostaram de criar? Porquê?
O meu casamento preferido foi o da Vanessa e do Luís, no dia 8 de setembro de 2018. Do ponto de vista estético e conceptual, não foi o “mais perfeito”. E foram feitos alguns compromissos, em plena consciência, nossa e dos noivos, por questões de orçamento, pois tinham quase 300 convidados (confirmados). Mas este casamento teve algo mágico que não sei se alguma vez voltaremos a viver: a dimensão humana. A dimensão humana dos noivos – dos contactos que troquei com eles ao longo dos vários meses que antecedem o casamento, e a dimensão humana da festa (nunca me tinha acontecido estar num casamento com quase 300 pessoas e sentir que todos – mas mesmo todos – estavam ali de corpo e alma, a viver aquele dia ao máximo, a partilhá-lo do fundo do coração com a Vanessa e com o Luís. Este dia, e a caminhada com os noivos até este dia, é daquelas experiências inexplicáveis; só lá estando, mesmo. Eu estive e saí muito mais rica!
Para o João, foi o da Magda e José, a 1 de setembro de 2018. Foi um processo que começou de forma difícil, surgiram vários desencontros entre ambas as partes, fomos apanhados numa fase complicada da nossa vida pessoal e profissional, que nos ia atirando para um verdadeiro pesadelo. Apesar de tudo isso, o resultado deste casamento foi aquele que eu considero o casamento mais bonito que alguma vez criámos; o cuidado com que as coisas foram feitas, e a graça de uma série de coisas simples e bem conjugadas, ofereceu-nos um dia pelo qual esperávamos há muito. Penso que foi uma festa que mudou para sempre a vida da nossa empresa.
Escolham uma imagem favorita do vosso portfolio e contem-nos porquê:
Esta perspectiva da decoração da mesa utilizada no editorial ‘Love Tale in Azores’, é uma imagem bonita cuja história significa muito para nós, mostra bem a evolução e o nível com que trabalhamos actualmente e projecta-nos para um futuro com uma qualidade cada vez maior no nosso trabalho.
O que nos move é o amor!
Contactem a Plano A, através da sua ficha de fornecedor. Espreitem as galerias e entrem em contactocom a Cátia Leandro e o João Gomes, directamente através do formulário: é só preencher com os vossos dados e mensagem e, na volta do correio, terão uma resposta simpática.
Acompanhem estas nossas conversas longas com fornecedores seleccionados Simplesmente Branco, sempre à quarta-feira!
Comentar
Para saber como tratamos e protegemos os seus dados, leia a nossa política de privacidade