Dicas para casar: pequenos passos para um casamento sustentável
A propósito da recente passagem da jovem Greta Thunberg por Lisboa, e pegando no assunto do momento, juntamos algumas sugestões para pensar um casamento sustentável e mais eco-friendly.
Não alinho em opiniões ortodoxas, em que tudo apenas pode ser ou preto ou branco. Dessa forma extremada não chegamos a lado nenhum e levamos a vida zangados com tudo e com todos: não é forma de estar, pois não?
Cada um de nós tem o poder de iniciar a mudança e ao começarmos de forma consciente e confortável, com aquilo que está na nossa mão, algo bom vai acontecer. Esqueçam os grandes gestos, que não são compatíveis com a vida moderna que queremos ter – não vamos deixar de andar de avião, não vamos deixar de andar de carro, não vamos passar a ser todos vegetarianos, certo? Mas podemos andar a pé ou de transportes públicos quando isso é possível, implementar uma dieta mediterrânica que alterna carne, peixe e proteína vegetal, recusar os sacos de plástico em tantas pequenas coisas que trazemos do supermercado, etc., etc..
O mais bonito dos dias é um evento (como todos) com imenso potencial de desperdício – vamos assumi-lo. Da decoração à comida, passando pelo vestido de noiva, muitos dos seus elementos são de uso único.
Mas não vale a pena ficarmos radicais, renegar tudo o que faz este dia ser tão especial e transformarmo-nos em forretas miseráveis que não consomem nada – se assim é, fazer uma festa com este simbolismo não faz sentido, sequer. É outra coisa e não há problema nenhum com isso.
Há muitas formas de pensarmos a festa com consciência ecológica e de forma sustentada, que não têm impacto na sua fruição e beleza, e é disso que vamos falar hoje, de forma pontual, nas nossas dicas para casar.
Começamos pelo óbvio – eliminar o plástico e desperdícios de maior. Aqui, apontamos o dedo aos balões, com e sem led luminoso, e às palhinhas.
Dois elementos que não são essenciais, mas que pelo seu consumo às centenas têm um impacto imenso no ambiente.
O efeito visual de uma leva de balões iluminados a subir pelos ares é mágico, sim, mas mesmo os balões em latex, que são biodegradáveis, demoram seis meses a desaparecer e entretanto deixam o rasto impressionante de estragos, sobretudo quando chegam ao mar.
Quanto às palhinhas, até a Bacardi já as baniu dos seus eventos em 2016! Existem opções, como a marca Sorbos, versões em bambu ou, simplesmente, podemos eliminá-las da lista, porque não são essenciais para saborear um fantástico e delicioso cocktail.
Passamos a outro grande assunto: o transporte.
Todas as deslocações de carro que possam ser evitadas, devem mesmo sê-lo. Não só cortam nas emissões de CO2 para a atmosfera, como trazem conforto acrescido aos vossos convidados. A solução ideal para este simpático compromisso é celebrar a cerimónia e a festa no mesmo local. No caso de casamento civil, isso é mais fácil. Se falamos de casamento pela Igreja, será certamente mais desafiante, mas não é, de todo, impossível – há vários espaços para casamento com capela própria ou muito próximos de igrejas. Falem com o vosso pároco atempadamente e avaliem as possibilidades.
Se a deslocação for inevitável, há sempre a hipótese de proporcionar transporte colectivo aos convidados e, se possível, eléctrico!
Passamos à decoração e agarramos na tendência da estação com entusiasmo: já pensaram em flores desidratadas?
Ultimamente temos sido inundados de imagens maravilhosas e muito inspiradoras dos novos bouquets e centros de mesa que mistura flores naturais com flores desidratadas. Tudo começou com a chegada repentina da erva-das-pampas há cerca de dois verões e na sua companhia vieram as restantes espécies. Hoje co-habitam alegremente com as espécies frescas e os resultados são maravilhosos.
As flores desidratadas consomem menos recursos à posteriori e a sua duração é longa, tanto em stock e armazém como no próprio evento, podendo ser reaproveitadas de muitas formas. Se a maior parte da inspiração que vemos por aqui e por ali continua a ser estrangeira, tomem nota que em Portugal temos óptimos profissionais que já exploram esta tendência com resultados muito, muito bonito – espreitem o trabalho da Isabel Castro Freitas, de O Bosque ou da KcKliko.
E fechamos com o mote essencial – pensar global, agir local.
Manifestem aos vossos fornecedores a preocupação com a origem dos produtos a usar – novamente, com as flores frescas, mas também com a comida. Reforcem a ideia de sazonalidade, do consumo de produtos locais e regionais e de toda uma selecção de menu mais simples na sua confecção mas igualmente deliciosa. Menos quantidade, muita qualidade e tudo muito saboroso. Isso fará a diferença entre uma festa normal e um casamento sustentável.
Confirmem com o vosso serviço de catering o destino das sobras – se não há (o que, felizmente, já é raro hoje em dia), façam o vosso trabalho de casa e proponham algumas opções como a ReFood ou uma associação local próxima.
E rematem com chave de ouro, agradecendo a presença dos vossos convidados no vosso dia com uma oferta solidária. Já falámos nisto muitas vezes por aqui. Seleccionámos um conjunto de instituições cujo trabalho admiramos e que vos recomendamos para que transformem as lembranças para os convidados do casamento em contribuições para o bem-estar das pessoas que os nossos parceiros apoiam.
Acabam com a pegada ecológica, facilitam alguma logística, ajudam quem precisa, na medida da vossa generosidade, sensibilizam os vossos convidados e amigos e podem, com isso, gerar toda uma cadeia de partilha de conhecimento e valor para com a instituição que escolheram, de forma pública, informada e, com uma dose de optimismo, viral (e que bonito que isso pode ser…!). Esta pequena lista parte de escolhas pessoais porque conhecemos pessoas envolvidas de ambos os lados (quem lá trabalha e quem foi ajudado), e de contactos profissionais que vamos tendo – estes projectos são valiosos e muito importantes nas comunidades que servem, e revemo-nos neles. Vocês terão os vossos, os que vos são próximos do coração – não há argumento melhor do que esse quando é altura de escolher quem ajudar!
Um por cento do vosso orçamento é quanto basta para causar verdadeiro impacto na vida de algumas pessoas. Façam um discurso fofo que explique o vosso gesto, um brinde saboroso e pronto! Sem pegada, é mais um elemento para um casamento sustentável e com muito, muito amor.
Falámos de meia dúzia de assuntos e ao de leve. Ainda assim, tudo conta para tornar o vosso casamento sustentável, a soma dos pequenos gestos resulta num impacto considerável. É assim que mudamos o mundo!
Imagens bonitas via Magnolia Rouge.
Não percam as nossas dicas para casar, sempre à segunda-feira!