Dos prémios dúbios, da pressão e da desinformação
Na semana passada, o Huffington Post publicou um artigo com o curioso título Those Wedding Websites Created by Satan’s Helpers.
Depois de lido, foi discutido entre alguns de nós e tornou-se inevitável trazer esta conversa para a linha da frente, porque sentimos que interfere no nosso caminho e no mercado justo que nos esforçamos por criar e alimentar todos os dias: falamos da pressão dos prémios dúbios e da desinformação generalizada, dois assuntos tão perniciosos para um dia genuinamente feliz (e para a contratação de uma equipa de empenhada e séria).
Comecemos pelos “prémios” – entre aspas, justamente. De repente, o mercado foi inundado de prémios e premiados, por tudo e por coisa nenhuma, saltam selos, medalhas, menções, tops. Soterrados pela informação em formato soundbite (título e nada mais), engolimos e fazemos escolhas em função disso: quem não tem, não vale.
Só que não é esse o caminho…
Desacelerem e absorvam a informação. Quem é a entidade que atribui o dito “prémio”? O que faz, que peso tem no mercado? Há quanto tempo faz parte dele? Tem qualidade irrepreensível, tem estatuto? É um opinion maker válido? Quais são os critérios? São transparentes?
E o premiado? Quem é? Como se apresenta? Tem consistência? Tem talento? Tem qualidade? O que fez para ser digno de ser premiado? O que o distingue dos seus pares (não premiados)?
São perguntas pertinentes e naturais, certo? E se leram o artigo do Huffington Post, verão que muitas das respostas a estas questões se resumem essencialmente a negócio: são conteúdos pagos – logo, não isentos, não transparentes, não verdadeiros.
O que nos leva à segunda questão: a desinformação. Da mesma forma que navegamos num mar de prémios inconsistente, de repente não há suporte digital que não escreva sobre tendências de casamento e outros assuntos relacionados. Nas últimas semanas (imagino que seja assunto sazonal e Fevereiro/Março a época a assinalar), li 3 artigos que me deixaram desolada (o mal que fazem…) e chocada pelo conteúdo absurdo: no site Delas.pt, no NIT e no Observador.
O problema é que plataformas destas são autênticos megafones e quem lê, sabe, naturalmente, pouco (é um assunto específico, só nos casamos uma vez e até estarmos de anel na mão, nunca pensámos no assunto!), e dá isto como verdade, sobretudo quando lido de fugida à hora de almoço… e que bela lista de disparates aqui vai! Quem escreve, pouco ou nada sabe sobre o assunto (apanhou outros soundbites pelo caminho), e esta ligeireza com que trata um assunto financeiramente valioso e muito emocional gera uma entropia complicada de desmanchar.
Não queremos um mercado assim, não é bom para noivos, não é bom para fornecedores, ninguém sai a ganhar, quando todos deviam terminar a viagem com uma boa dose de satisfação, uma sensação de dever cumprido e uma fantástica experiência!
Podia esticar este assunto para um artigo de 1200 palavras, mas nem sequer quero que soe a queixume (porque não é, são só factos e o que podemos fazer com eles) – é apenas uma chamada de atenção e um conselho bom, genuíno, sério: abram a pestana, meninas!
Revemo-nos tranquilamente no artigo do Huffington Post (subtraindo a intensidade e ironia do tom): trabalhamos com foco, generosidade e transparência para não sermos um destes sites de casamento. Não acreditamos neste caminho, nesta pressão e sobretudo, nesta desinformação.
E, queridas noivas, achamos que é importante falar sobre o mercado de casamento, sempre, sobre o que está a rolar (ou threading, como se diz agora): acreditamos no poder da informação e por isso lançamos este alerta para o embuste dos números dúbios: tops, listas, prémios, recomendações. Não é disto que se fazem negócios sérios, nem fornecedores profissionais e muito menos mercados saudáveis, interessantes e criativos!
O caminho é outro e passa pela conversa séria entre as partes e a vontade de vender – e comprar – uma boa oferta, justa e com qualidade.
Informação é poder – repetimos dúzias de vezes no nosso livro Queres casar comigo? – guia prático para um dia muito feliz. Acreditamos seriamente nisto, mas nos dias de hoje, mais do que nunca, é tão importante destrinçar o que é informação a sério, consistente, verdadeira, transparente e isenta ou que represente uma voz, do soundbite ligeiro, caça ao clique e conteúdo vazio.
Leiam, consultem, façam perguntas. Identifiquem a fonte da informação: se não é clara, passem à frente. Se é consistente e tem bom ar, dêem início a uma conversa frutuosa.
Este é o nosso melhor conselho!