Wise words: como poupar no casamento, versão smart saver
Na semana passada iniciámos a conversa sobre as contas do casamento. Hoje, continuamos nesse terreno, mas com os olhos postos nas possibilidades de poupança.
Com certeza que já encontraram muitos artigos publicados sob o tema ‘casamentos low-cost‘. É seguramente uma expressão apetecível, um chamador de leitores, e tem feito correr muita tinta (ou muitos caracteres) sem que isso se traduza em informação verdadeiramente válida para vocês, que estão em processo de organização do vosso casamento. A Susana já aqui abordou este assunto, na altura com base num artigo da revista Sábado para o qual ela foi consultada mas cujos contributos não foram tidos em conta na hora da publicação: «A mensagem que passou, é que todo este mercado é um absurdo e que contratar um fotógrafo amador no Facebook e comprar um vestido numa loja chinesa são o caminho certo para domar o orçamento. Pois não é – isso é uma visão miserabilista de um dia memorável. Todos, noivos, família, amigos, profissionais, merecem melhor.»
Ora, para casar são precisos, exactamente, 220 euros, no mínimo, e 390 euros, no máximo, conforme as opções legais escolhidas. O resto? O resto é uma festa, apenas isso e é essa perspectiva sob a qual deve ser olhada e debatida. – Susana Esteves Pinto
Então mas não se pode querer poupar? Pode, claro que sim! Gostamos da expressão smart saver e é sobre esse assunto que nos debruçamos nas nossas wise words de hoje. Ser um smart saver implica que se compreenda as diferenças entre poupança, que diz respeito a um custo (baixar um orçamento, por exemplo) e ganho, que diz respeito a valor (ter mais qualidade ou serviço, pelo mesmo preço).
Este é o conceito que pusemos em prática numa lista de sugestões, algumas nossas e outras sugeridas por profissionais do sector, que esperamos vos ajudem a ajustar o vosso sonho ao vosso orçamento, sem nunca comprometer a qualidade. Parece-vos tarefa impossível? Mas não é – tomem nota:
. Contactem o fornecedor com antecedência e proponham uma forma de pagamento mais apelativa: ficarão numa posição interessante para negociar e fará de vocês clientes mais apetecíveis;
. optem por uma festa pequena (exactamente à medida das vossas possibilidades) e com muito charme e qualidade. Para quem ficou de fora, e com muita pena, preparem mais tarde um mimo extra: um jantar num restaurante simpático e acolhedor (novamente, dentro do vosso orçamento), uma espécie de segunda festa mais descontraída mas igualmente feliz e comemorativa;
. encurtem o tempo da festa e logo, o consumo: apenas um delicioso jantar, com um leve cocktail de boas vindas, bolo dos noivos servido como sobremesa e uma ceia simpática se os vossos convidados forem mexidos e noctívagos;
. façam uma gestão criteriosa do menu e do bar, uma fatia generosa do vosso orçamento está aqui e qualquer poupança é multiplicada por muitas unidades. Construam um menu sensato, gostoso e equilibrado. Dispensem as variedades infinitas de doces, salgados, mariscos e aperitivos, e optem por produtos locais, de muita qualidade e apenas 2 ou 3 variedades. Será suficiente, não se preocupem! Se têm contactos privilegiados numa garrafeira, façam as contas às quantidades e levem o vosso próprio vinho: informem-se sobre a taxa de rolha (custo de abrir, preparar e servir). No bar, a mesma sugestão, pouca variedade e muita qualidade;
. façam uma gestão criteriosa dos materiais gráficos: tirem partido da matéria prima (um belo fine paper) e usem apenas uma cor, o resultado é luxuoso! Simplifiquem nas ementas (1 ou 2 por mesa, ou nenhuma, trocada por um belo quadro caligrafado), nos marcadores (um cartãozinho com um número) e noutros extras, mas não dispensem uns bonitos cartões de agradecimento;
. tirem partido de um espaço familiar ou de amigos que não se importem de o disponibilizar, esta é outra fatia gorda do orçamento. Garantam que o deixam impecável e gastem o que for necessário para que isso aconteça. Associações, jardins de museus e casas regionais serão também alternativas em conta;
. trabalhem com fornecedores locais, sempre que possível, a poupança estará nas deslocações e estadias, mas também no conhecimento e agilidade que têm na comunidade ou junto dos restantes fornecedores;
. façam algumas compras nos saldos, porque há oportunidades relevantes. Falamos da lingerie, da gravata, dos sapatos, acessórios e outras peças que não dependem de tendências ou colecções;
. explorem outras opções: os vestidos de noiva não passam de moda assim tão depressa e as colecções anteriores podem ter preços competitivos e modelos igualmente maravilhosos. Considerem também pronto a vestir de qualidade e materiais nobres: invistam nos acessórios certos e todo o modelo ganha vida e estatuto. E já ouviram falar de vestidos de noiva em segunda mão por uma boa causa?
. Falando ainda dos sapatos (de ambos): façam compras com vida longa. Isto aplica-se igualmente ao fato do noivo. Um belo fato escuro, bem cortado, uma camisa branca elegante, uma gravata de seda, são clássicos intemporais – peças que poderão ser vestidas muitas vezes, em ocasiões relevantes, nos próximos 5 anos;
. peçam emprestado (ou aluguem) pormenores secundários: um saiote, um véu;
. sempre que possível, optem pelo que já existe e completem com alguns detalhes personalizados, que acrescentem valor: é relevante na conta final. Quando não há, aluguem, não comprem, e esta regra vale para tudo (das mesas aos talheres, às jarrinhas, molduras e sofás!);
. e uma nota que excede o dia do casamento: poupem sabiamente na lua-de-mel! Muitas vezes, assoberbados com todas as decisões que têm que tomar para o grande dia, os casais escolhem o destino de viagem quase de véspera. Se decidirem isso logo no início do processo e fizerem as vossas reservas atempadamente, isso é dinheiro em caixa!
Por falar em lua-de-mel, lembram-se das vantagens de casar fora de época? Pois aqui está mais uma: viagens mais em conta, que podem permitir encurtar o custo ou alongar a distância ou a duração (ou seja, poupar ou ganhar).
«O meu melhor conselho é o mais simples de todos: saber é poder. A informação é o bem mais valioso, certifiquem-se de que estão bem informados, façam o vosso trabalho de casa com critério e discernimento. Perguntem, respondam. Parem para reflectir, não se deixem engolir pelo furacão das opiniões, pressões e aparências. Virem as costas ao absurdo, abracem o bom senso.» – Susana Esteves Pinto
É muito mais simples do que parece. Simples é, de facto, a palavra de ordem em todo o processo. Precisamos muito de lembrar-nos disso.
As fotografias deste artigo são da autoria de Alice Nunes Vicente Photography.
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