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Ana Apolinario

Trends Station: tendências de casamento pós-covid

A viragem do ano prometia. Respirava-se um otimismo tão generalizado, que acabou por ter consequências perversas e conduziu-nos a um novo shut down em janeiro, com todos os eventos suspensos e a incerteza do dia de amanhã. No entanto, a grande diferença que existe hoje, em relação ao início desta pandemia da Covid-19, é que há um ano atrás não conseguíamos ver um horizonte, mas apenas uma autoestrada interminável, sombria e deserta. Já nos dias que correm, e apesar de ainda não termos chegado ao nosso destino, existe na sociedade uma esperança real, sendo possível vislumbrar sinalética pelas bermas da estrada, que indica um caminho. Temos mais conhecimento, mais ferramentas e, no nosso sector, a experiência dos casamentos que se efetuaram em 2020 e que acabaram por determinar novas tendências de casamento pós-covid, numa espécie de renascimento do nosso universo nupcial.

 

Então, o que mudou? Como será organizar um casamento lindo pós-Covid em 2021?

 

É esta reflexão que vamos agora fazer, no arranque de uma viagem pelas tendências nacionais e internacionais que começa hoje no Simplesmente Branco, com lugar marcado nas primeiras semanas de cada mês.

 

Preparados?

 

beijo dos noivos cerimónia civil casamento ao ar livre

Regra número para um casamento pós-covid: Planos B e C!

Antes de mais, há que encarar uma realidade que é transversal a todos os que pretendem casar em 2021 e consensual entre todos aqueles que contribuem para a sua organização: não basta ter um plano B para o grande dia, é também imperativo ter um plano C.

 

Sei que ninguém gosta de falar em planos alternativos, quando o que se quer é um Plano A a correr na perfeição. Mas a verdade é que, tal como se faz um plano de contingência para o mau tempo ou para qualquer outra condicionante, neste momento temos de prever e cobrir todas as possibilidades, pois, infelizmente, ainda temos de conviver com este novo coronavírus e contar com a incerteza de regras governamentais e eventuais mudanças nas normas sociais.

 

Por isso, sejamos otimistas, mas sempre com os pés bem assentes na terra. É bom estarmos preparados. Assim – e só assim – será verdade que vai tudo correr bem!

 

Noivos em relvado por-do-sol jardim a dançar

Mudanças de paradigmas com o impacto da pandemia

A Covid-19 tem vindo a deixar marcas em todos os sectores de atividade e, obviamente, na vida das pessoas e na forma como acabam por perspetivar tudo o que nela acontece. No mercado nupcial, em particular, afetou alguns paradigmas  – e, quem sabe, alterou-os para sempre… – remexendo na própria experiência do casamento, com inúmeras tendências a demarcarem-se do conceito do casamento tradicional.

 

Um deles tem a ver, precisamente, com as condicionantes e exigências da nossa “nova normalidade”, nomeadamente com o impedimento de grandes ajuntamentos e do distanciamento social, que é obviamente uma parte muito importante dos casamentos que conhecemos. Deparamo-nos, assim, com a tendência crescente de um menor número de convidados e  – atenção – do desaparecimento do elemento dança, que, para mim, é algo quase anti natura, pelo que acredito genuinamente que não veio para ficar.

 

O que, muito provavelmente, veio para ficar, foi o conceito mais íntimo de casamento e o facto das pessoas começarem a fugir do pretensiosismo, tendo consciência de que o seu casamento não precisa de ser uma “grande montra” e que é possível – e apetecível – fazer algo mais natural. Parece haver, de facto, uma apetência mais reforçada do “simples”, enquanto sinónimo de “mais emocionante”.

 

Por seu turno, a pandemia permitiu que os casais tivessem muito mais tempo para pensar no que realmente querem de uma celebração, acentuando-se também uma preocupação pela sustentabilidade, por casamentos mais ecológicos e com menos desperdício, isto é, casamentos mais positivos do ponto de vista ambiental. Mas não só. Apesar de já nos termos dado conta de que o mundo, afinal, não mudou assim tanto, a verdade é que fomos surpreendidos por gigantes ondas de solidariedade, que se refletem também nos casamentos e no engrandecimento de tendências que já se vinham a afirmar no mercado, como optar por donativos para organizações sem fins lucrativos como presentes dos convidados. Casamentos, portanto, também mais positivos do ponto de vista social.

 

noivos a abraçarem-se cerimonia civil casamento ao ar livre

Friday, I’m in Love

Sim, os The Cure sabiam: é muito fácil apaixonarmo-nos pela sexta-feira.  Neste caso, como um dia perfeito para casar. Assim como o domingo. E até qualquer outro dia da semana. Pelo menos, foi isso que a pandemia da Covid-19 nos fez ver ou equacionar, não apenas porque se tornou mais difícil remarcar datas de casamentos que tiveram de ser adiados, mas porque a obrigação do teletrabalho  – que é mais uma alteração de paradigma que muitos defendem que também veio para ficar – permite uma maior flexibilidade aos convidados.

 

De qualquer forma, falar de casar a uma segunda ou terça-feira talvez ainda seja demasiado prematuro para a nossa realidade (a não ser que seja véspera de feriado…), mas sexta ou domingo é cada vez mais uma opção viável para os noivos portugueses, que conseguem ver já nestes dias as vantagens que há muito se vinha até a ressalvar, ainda que por força das circunstâncias.

 

E que vantagens tem casar a uma sexta-feira ou a um domingo? 

 

Entre outras, e em primeiro lugar, a liberdade de escolha de datas. Quer queiramos, quer não, serão sempre dias menos solicitados, pelo que permitirá escolher a data do casamento com mais calma e descontração.  Consequentemente, há também mais fornecedores disponíveis e opções de budget mais amigáveis. Por seu turno, terá menos hipóteses de estar a casar no mesmo dia da amiga que tem em comum com quase todos os seus amigos e ganha um fim-de-semana extra com os seus amigos e familiares, pois casando à sexta terá dois dias pela frente para poder estar com convidados que vieram de fora e se casar a um domingo terá a oportunidade de juntar todos os seus entes queridos um ou dois dias antes, para fazer um almoço em família ou, quem sabe, um jantar de ensaio, como tradicionalmente se faz em muitos outros países.

 

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Foto: Pedro Filipe Fotografia

Baby, It’s cold outside

E hoje só me lembro dos clássicos… Mas a verdade é que estar frio lá fora deixou também de ser um impedimento para casar. A pandemia da Covid-19 impulsionou a necessidade de mudança em quase todos os aspetos das nossas vidas e os noivos pelo mundo inteiro passaram também a perspetivar um casamento nas estações do ano mais frias como uma boa alternativa.  Assim, e apesar de, com toda a certeza, a maioria dos casais continuar a preferir as alturas do ano onde as incertezas climáticas são menores (atenção que o calor em excesso também não é nada agradável!), muitos casais já se aperceberam que um casamento de Inverno pode ser igualmente bonito e super elegante, e que dizer o “Sim” sob o crepúsculo do final de um dia de Outono, com aquela luz mágica e brilho dourado, pode ser o cenário de sonho e sofisticado com que sempre sonharam para a sua celebração de amor.

 

Corredor sparkles noivos
Foto: Feel Creations

“Sim, aceito” o casamento minimalista e ao ar livre

Uma das grandes “mudanças” que decorreu deste cenário de pandemia, como já fizemos referência, foi, então, a desconstrução do casamento num formato “monumental” – que, aliás, apenas acelerou, pois tem vindo a acontecer nos últimos anos – abrindo as portas para a viabilização de opções de casamentos mais descontraídos e pequenos, focados na experiência e no conceito de que o “amor está nos detalhes”, nomeadamente casamentos civis cheios de charme ou momentos mais íntimos apenas entre o casal.

 

Aliás, os casamentos, na prática, regressaram ao seu significado mais importante: amor e laços familiar. Como tal, há três formatos que têm conquistado um grande espaço no mercado dos casamentos: o Elopement, o Micro Wedding e Mini Wedding. Todos eles são apostas pós-COVID-19, porque a possibilidade de manter os protocolos de segurança é maior, tornando mais fácil o respeito das regras desta “nova normalidade”, que inclui a convivência com o Sars-Cov-2. Por seu turno, e no contexto de distanciamento social que nos é exigido, os casamentos em espaços ao ar livre ganharam, obviamente, grande destaque.

 

cerimónia civil casamento ao ar livre

cerimónia civil casamento ao ar livre

 

De qualquer forma, e apesar destas novas tendências e formatos, tenho a convicção de que os casamentos de maiores dimensões não irão acabar e uma certeza  com a qual podemos contar, no meio de todos estes receios e ambiguidades:  ninguém vai deixar de casar. Porque o  casamento é um momento marcante da vida de um casal apaixonado, seja apenas pelo seu simbolismo ou um ato movido pela fé que alimenta as mais diferentes religiões. Além de ser um dia único, em que os noivos partilham a felicidade de terem encontrado a sua cara-metade com os seus entes mais queridos, na celebração do amor!

Tendências de casamento pós-covid: envie os seus comentários

É com esta reflexão que termino, para não me alongar demasiado, ainda que com muito por dizer. Porque há, de facto, muito a dizer! Abro, no entanto, o caminho para os comentários, dou a palavra a quem nos está a ler, sejam noivos ou profissionais da área, com a promessa de voltarmos mais profundamente a este tópico, explorando as tendências, detendo-nos em detalhes e nos diferentes elementos que compõem a experiência do casamento.

 

Até breve!

Artigo ilustrado com fotos de: Edgar Dias Photography | Pedro Filipe Fotografia | Feel Creations – Wedding Photo & Film

 

 

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